Entenda a língua presa

As trocas de fonemas feitas, por exemplo, pelo BBB Dicesar são um distúrbio chamado dislalia
Porto Alegre – É comum acharmos engraçadas as crianças trocarem a letra R pelo L na hora da fala. O que poucos sabem, no entanto, é que essa troca de fonemas pode caracterizar um distúrbio da fala, a dislalia.

Em alguns casos, esse distúrbio pode permanecer até a vida adulta. É o que acontece com Dicesar, um dos integrantes do Big Brother Brasil 10.

Ele não troca somente o R pelo L, como também pelo G. Expressões como “golpe de purpulina” e “sou uma estgela” já entraram no vocabulário popular. Além, é claro, do “adogo”.

De acordo com a fonoaudióloga Márcia Malheiros, o distúrbio em adultos pode ser tratado e, dependendo da força de vontade da pessoa, a cura pode vir bem rápido. Mas ela alerta que é importante começar logo.

– As crianças são mais complicadas porque não entendem a necessidade de falar corretamente. Por isso, torna-se um trabalho mais demorado – explica Márcia.

- A dislalia é o distúrbio de linguagem mais comum entre as crianças, e também o mais fácil de identificar. Ele se caracteriza pela dificuldade na articulação dos fonemas, que pode ser pela omissão (“omei” em vez de “tomei”), troca (“balata” em vez de “barata”), acréscimo (“atelântico” em vez de “atlântico”) ou omissão (“pato” em vez de “prato”).

A criança vai adquirindo os fonemas aos poucos, conforme o seu desenvolvimento e os estímulos que recebe. O último som a ser incorporado no vocabulário é o R brando (de “prato”, por exemplo). O distúrbio é tão frequente que aparece nos quadrinhos da Turma da Mônica, com o Cebolinha, e no desenho animado Looney Toones, com o personagem Hortelino Troca-Letras.

- A dislalia pode ser causada por problemas neurológicos, físicos, psicológicos ou auditivos, e o tratamento depende da avaliação do médico. São duas as alternativas: cirúrgico, no caso de encurtamento do frênulo da língua – chamada “língua presa” – e/ou fonoterápico.

Trocas
- As trocas de letras mais comuns provocadas pela dislalia são de P por B, F por V, T por D, R por L, J por Z e X por S.

Tratamento
- O tratamento para este tipo de distúrbio são os exercícios articulatórios com acompanhamento de um fonoaudiólogo.

Pais, fiquem atentos
- Os pais devem ficar sempre atentos à fala do filho. De acordo com Márcia, até os quatro anos a criança deve adquirir todos os fonemas. Caso não consiga, precisará de ajuda de um especialista em fonoaudiologia. É importante que o distúrbio na fala seja descoberto antes da fase escolar, pois a criança poderá aprender a escrever da mesma maneira que fala.

Consequências
Sem falar corretamente, ocorrem atrasos no desenvolvimento mental da criança, e a socialização fica afetada. Na prática, isso significa isolamento, brincadeiras solitárias, incapacidade de se comunicar com os pais e grandes obstáculos para fazer amigos.

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